Durante as Idades Média e Moderna, a Europa foi palco de constantes guerras movidas pela intolerância religiosa, que causaram a perseguição e morte de inúmeras pessoas. Hoje, essa prática representa um grave e crescente problema no Brasil, e, por isso, é necessário avaliar as suas raízes e meandros para a sua superação.
Em primeiro plano, deve-se ressaltar que a herança histórica do colonialismo atua como forte fomentadora dessa problemática. Isso porque esse teve como base ideológica o etnocentrismo europeu, que valorizava os aspectos do Velho Continente e inferiorizava os demais. Assim, nota-se que essa mentalidade ainda se perpetua em grande parte dos brasileiros, o que pode ser observado pelo intenso preconceito direcionado às religiões de matrizes africanas, por exemplo, o qual se manifesta, muitas vezes, de forma violenta.
Ademais, é importante destacar que a intolerância religiosa fere com os princípios do Liberalismo Político, doutrina que predomina no mundo desde o fim do Antigo Regime. Segundo John Locke, principal nome dessa filosofia, é fundamental que se respeite a propriedade privada, a qual não se limita a bens materiais, mas também refere-se a escolhas pessoais, sejam elas posicionamento político, orientação sexual ou vertente religiosa. Logo, é direito básico de todo cidadão poder exercer suas liberdades individuais sem a interferência ou resistência de terceiros.
Entende-se, portanto, que a intolerância religiosa tem raízes históricas e representa um empecilho ao direito de liberdade do indivíduo e, por isso, essa deve ser devidamente combatida.Para que isso aconteça, é necessário que o Ministério da Educação implemente nos currículos escolares aulas sobre as principais religiões vigentes no Brasil e no mundo, como cristianismo, islamismo, hinduísmo, candomblé, umbanda e outras, visto que a informação é a principal forma de se combater o preconceito. Além disso, cabe às mídias e ONGs promoverem campanhas publicitárias que visem a instrução e conscientização da população sobre esse assunto. Dessa forma, o respeito às crenças e aos valores de todos os povos será cada vez maior no Brasil.