Na Idade Média, ou "Idade das Trevas", nascem as primeiras universidades da Europa. No entanto, ao passo que surgem os centros de estudo, surge um "ritual de passagem" do colegial para a universidade. Este, por sua vez, traz como consequências: medo, insegurança e humilhação.
A priori, esse ato medieval de recepção aos calouros, muitas vezes é visto como a criação de uma relação veterano-calouro. Muitos jovens submetem-se à participação de trotes por medo de serem excluídos, ou rejeitados pelos seus "companheiros" universitários, além da conformidade em poder fazer o mesmo com os próximos ingressantes.
Paradoxalmente, é visível a falta de respeito pelos novatos, os quais geralmente são obrigados a ingerir bebidas alcoólicas, cortar seus cabelos, pancadarias, entre outros atos depredadores e descontrolados. Em decorrência disso, torna-se notório o caso da jovem Nathália de Souza, que teve em suas pernas queimaduras de terceiro grau, após ser atingida por um ácido jogado por veteranos.
Para a antropóloga da USP, Heloísa Buarque, é difícil encontrar culpados. Alguns dos casos que aparecem recentemente, estão presentes em muitas universidades. Segundo ela, são rituais estabelecidos e naturalizados. Ademais, tendo em vista a situação e o modo como os novatos são recebidos, é necessária uma modificação ideológica e comportamental.
Logo, percebe-se que os trotes são, na maioria das vezes, "brincadeiras" que levam à humilhação. Para amenizar, é necessária a crianção de uma legislação federal de proteção aos estudantes, como também a intervenção da universidade para trocar esse ato violento por atos solidários, como: doação de sangue, arrecadação de alimentos e a elaboração de gincanas, dando ao trote um lado positivo.